domingo, 29 de julho de 2012

feliz, sou sozinha

Eu queria ter a sensação de ser o último facho de luz que poderia ver e ficar desacordada por horas, dias, meses em qualquer cama quentinha. Nem semprer querer é poder, por mais que a gente tente. Eu posso arriscar mais algumas vezes e, talvez, até dar sorte ou adotar outros meios. Mas, esse anseio no meu inconsciente sempre florece e se adona dos meus pensamentos.


quinta-feira, 5 de julho de 2012

devaneio1

Eu me conhecia muito bem, mas tão bem que era capaz de perceber que estava prestes a ser feliz. Não lá aquele feliz de todo mundo, mas um feliz ao meu jeito de ser feliz. Sabe, aquele jeito meio melancólico e solitário de ser feliz. Isso lá é bom demais.
Demorou para acontecer e durante esse tempo de espera fui alimentando a ilusão de que a cidade cinza me caíria muito bem, uma gratificação por esses anos todos vivendo com erros alheios e obviamente descobrindo, como diria Mario Quintana que "realmente o meu reino não é deste mundo, nem do outro...". Dentre tantos descobrimentos me deparei com um constante (e ao mesmo tempo inscontante) complexo de superioridade e de inferioridade, ambos supremos. E tantas coisas óbvias que o tempo poderia mudar, mas fez o favor de não tocar. Como por exemplo, eu sou relutante (em todos os sentidos da palavra), quase que em período integral e como consequencia acabo sofrendo mais do que deveria.
A ideia de metamorfose afetou muito meu comportamento diante de algumas situações e também, meus pensamentos, pois a cada dez coisas que eu pensava oito eram sobre minha mudança. Por vezes, até me surpreendia pensando "foda-se, vou embora dentro de alguns meses". Que feio, Fernanda! Mas, eu já estava no limite há muitos anos mesmo.
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Eu disse orgulhosa ao meu pai "Pois é, pai. Daqui só levo vocês, minha família (incluindo o orelha) e minha avó", meus amigos já estão na estrada da vida e; também, carimbados em meu coração.
Agora, sem escrúpulos, ia ser eu e eu, cara a cara, frente a frente. Mas quanto aparato da minha parte, achar que eu sou a melhor companhia, tanto para mim, como para o mundo inteiro. Sou versátil. Mas, uma versatilidade cheia de ideologia e valores. Meus, todos meus. 
E agora dona do meu próprio nariz e do meu próprio apartamento.
(Dona também, da louça suja há uma semana, das roupas para lavar acumuladas no cesto, das coisas que perco na minha bagunça, da conta de água, luz, telefone etc etc etc...[inúmeros]). Mas, essa é parte triste de ser feliz.
E a parte feliz de ser feliz é aquela que tu vive sozinha e pode cantar, andar pelada, fazer pipocas de manteiga, falar ao celular em qualquer lugar da casa, andar descalço, não ter a touca de banho molhada e na tpm, gritar com as paredes. Viver sem regras e limites, só os impostos por mim.
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A decoração era perfeita, e eu passava a maior parte do tempo que estava em casa olhando para meus quadros do clockwork orange, amélie poulain e da  marilyn monroe na santa ceia. Trouxe todos os meus livros para uma estante só minha, nada de biblias e livros de auto-ajuda. E a casa cheirava o tempo inteiro a lavanda, devido ao incenso, o lixo era separado corretamente e podia até escutar Janis Joplin em bom e alto som, sem as críticas irrelevantes da minha irmã.